Poema SOCORRO FUI SEQUESTRADO!

Poema 

SOCORRO FUI SEQUESTRADO!


Sonhei que chovia muito
no cortiço que morava,
e eu ficava na sacada
pois morria, de calor.

Chovia muito sem parar
e a água já acostumada
sabia de olho fechado
escapar pelo corredor.

Agora, o más intrigante,
se ainda interessa você,
foi ver toda vizinhança
suplicando com tanta fé.

Com as mãos, tipo concha,
e seus braços estendidos,
colhiam gotas de promessa
e realizavam seus pedidos.

Com trinta anos a Leonor
romântica ainda solteira,
pediu que seu grande amor
retorne até a sua lareira.

Casada e rezando voltar
a refugiada Vera Garcia,
pediu que a sua Venezuela
voltasse a ser democracia.

Os turcos recém-casados
Pediam, para não chover,
“gastando com guarda-chuvas
no teremos o que comer”.


Chove e chove, e seu João
sempre o tal desempregado,
no sai para pedir emprego
nem ao jornaleiro do lado.

No final me vi ao espelho
de manos e braços, atados,
gritando como em um sonho
socorro!, fui sequestrado!



GRINGO HISPANO,
Porto Alegre, RS, Brasil.
25 de Janeiro de 2019.

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